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domingo, 4 de março de 2012

Terminado Fevereiro, venha um Março cheio de leituras!

Imagem retirada de:
http://tonsdeazul.blogspot.com

Livro emprestado do G.
Markus Zusak, A rapariga que roubava livros


Este livro é um dos melhores livros que já li nos últimos tempos. Vai para a estante dos favoritos pela sua história de rara beleza e sensibilidade. As personagens são tão reais que quase as via à minha frente. Aliás, desejei e procurei no final do livro alguma nota que revelasse que afinal a Liesel existiu mesmo. Com tristeza, penso que terão existido muitas raparigas e rapazes, como a Liesel e o Rudy, cujas vidas foram afectadas tão dramaticamente pela II Guerra Mundial. O amor de Liesel pelos livros e a aprendizagem da leitura com um ritmo muito próprio são descritos de uma forma muito especial. Este é um livro que fala do amor pelos livros, da beleza da amizade, de actos heróicos e humanos, ao mesmo que se vai desenrolando a destruição implacável de uma guerra assente no ódio e na ignorância do que é um ser humano. Deste livro não tenho nenhum excerto para colocar, pois teria que colocar aqui todas as páginas e todas as ilustrações. Mas tenho o livro na minha estante e quando quiser ler páginas repletas de verdadeira beleza e sabedoria, releio este livro de Markus Zusak.

Continuando com... Book Reviews de Fevereiro - A Rapariga que sabia ler vs. A menina que não sabia ler

Imagem retirada de:
http://leiturasnabe.blogspot.com

Frances Harding, A rapariga que sabia ler. Lisboa, Presença, 2009, 334 p.
Livro requisitado na Biblioteca João Soares


Já expliquei aqui como encontrei este livro e porque é que constituiu uma das minhas leituras deste ano. De facto, não tivessem sido aquelas coincidência não teria para já lido estes livros. No entanto, avancei para a sua leitura e considero que até foram interessantes. Este particularmente surpreendeu-me pela riqueza de vocabulário e da história. À medida que o ia lendo, vinha-me sempre à ideia a história de "O Perfume" pelo cenário setecentista. No final do livro, a autora refere-se ao reino encantado como algo que surgiu na sua imaginação, atribuindo-lhe algumas características da época do séc. XVIII! Ou seja, foi a confirmação de alguma sensação de dejá vu. A história é engraçada e tem muitos momentos de pura diversão. Desta história, retiro um excerto que me divertiu muito. Um livro bem imaginado.

P. 98.: "- Mabwick Toke é o presidente da delegação dos Impressores em Mandelion. É capaz de citar o "Esforços" de Pessimese de uma ponta à outra, de Génesetranquila até Consequências, no Acrílico de origem. Fala vinte línguas, metade delas ainda em uso, incluindo duas dos Montes Aragash, e uma que só se consegue falar se se puser uma moeda debaixo da língua. Quando viaja, leva as estantes tão atafulhadas de livros que nem uma brisa lá consegue penetrar sem muito esforço. Uma vez, conseguiu desmascarar uma liga de subversivos ao identificar um único fio sedoso na textura do papel de um bilhete de ópera. Se a inteligência fosse alfinetes, o homem era como um ouriço-cacheiro.




A Menina Que Não Sabia Ler 

Imagem retirada de:


John Harding, A menina que não sabia ler. Alfragide, Livros d´hoje, 2010, 282 p.

Livro requisitado na Biblioteca João Soares


Este livro foi descoberto numa engraçada (?) coincidência de arrumação. Estava a organizar os livros novos quando este me chama a atenção. Quase ao mesmo tempo, agarro noutro livro e quando os junto para fazer a requisição é que reparo na semelhança dos títulos e nos nomes dos autores.  Depois de ler "A Profecia Celestina" sem dúvida que é estranha a coincidência! E por isto tudo, decidi que estes livros tinham de ser lidos em conjunto! Mas esta história acabou por vencer no interesse, isto é, inicialmente a minha atenção pendia mais para a escrita de Frances Hardinge.  Este não parecia tão bem escrito, mas quando me deixei levar pela história tive mesmo que deixar " A rapariga que sabia ler" de parte para me concentrar totalmente nesta história. O final foi totalmente inesperado e assustador. Perturbador, talvez seja a palavra mais adequada. Só por esse elemento de surpresa, o livro impressionou-me. No entanto , não encontrei nenhuma frase que se destacasse com um pensamento digno de nota. A estrutura da história e a personagem principal, a menina Florence, são o que este livro tem de mais especial, na minha humilde opinião.
sábado, 3 de março de 2012

Book Review - A Profecia Celestina

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http://www.mediabooks.com

(Não li esta edição)
Livro requisitado na Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira
James Redfield, A profecia celestina


Esta foi a minha segunda tentativa para ler este livro. Desta vez, consegui chegar à última página, mas confesso que depressa me lembrei porque é que foi tão difícil ler na primeira tentativa: a história é aborrecida e forçada. No entanto, as várias profecias até tinham o seu interesse. Quando tiver disponibilidade, hei-de numerá-las. Se o livro fosse apenas a explicação das profecias, sem aquela história confusa, seria talvez muito mais apelativo!

Book Review - Aproveita o dia



Imagem retida do seguinte blog:

Saul Bellow, Aproveita o dia. Lisboa, Texto editora, 2007.
Livro requisitado na Biblioteca Municipal Afonso Lopres Vieira

Este é o primeiro livro que li de Saul Bellow e fiquei com curiosidade para conhecer mais a obra deste autor. Quanto a esta livro, confesso que senti bem a tristeza e desânimo da personagem principal pois trata-se da história de um homem de meia idade que pouco mais fez que desperdiçar a vida com ilusões de sucesso. Wilhelm tem apenas a companhia de um pai, que se recusa a apoiá-lo financeiramente, e de uma ex-mulher, cuja única preocupação é a de receber mais dinheiro. Entretanto, surge um estranho que acaba por iludi-lo ainda mais. Senti-me triste pela personagem principal desta história com um título bem irónico. Após esta leitura, pensei que não tinha gostado do livro, mas foi apenas a recusa de sentir a tristeza por uma vida desperdiçada. Um bom livro para reflectir.

Primeira frase: "No que tocava a esconder os seus problemas, Tommy Wilhelm era tão bom como qualquer outra pessoa. Pelo menos estava convencido disso e provas não lhe faltavam. Em tempos tinha sido actor - bem, actor não, figurante e nessa altura aprendeu a representar."

Última frase: "As flores e as luzes fundiram-se estaticamente nos olhos cegos e molhados de W.; uma música pesada como a do mar encheu-lhe os ouvidos. Entrou dentro dele e encontrou-o escondido no meio de uma multidão pela grande e feliz capa das lágrimas. Ele ouviu-a e foi mais longe do que o desgosto, através de soluços e choros dilacerantes, atrás da satisfação da derradeira vontade do seu coração."

Book Review - Vagabundos cruzando a noite

Vagabundos Cruzando a Noite
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http://www.antigona.pt  

Jack London, Vagabundos cruzando a noite. Lisboa, Antígona, 1997, 190 p.
Livro requisitado na Biblioteca João Soares

Comecei o ano 2012 a ler A Peste de Albert Camus e, de seguida, escolhi ler Jack London. Via os livros de Jack London na estante a "chamarem-me" para serem lidos, mas ainda não sentia que tinha chegado a sua vez! No entanto, em Janeiro decidi não resistir mais e comecei por um que me pareceu, dentro da escolha que tinha, o mais autobiográfico possível. E comecei por este livro, que  tem como título original The road. De facto, neste livro o autor descreve bem, embora para mim inacreditável mas real, a vida de um rapaz com apenas 18 anos, que atravessa várias regiões dos Estados Unidos no início do século XX. As condições difíceis, a fome, a necessidade de ser arguto para superar essas dificuldades impressionaram-me e levaram-me a reflectir que o bem-estar social é tão passageiro e recente. O Homem nasceu para viver, superar dificuldades e aproveitar o melhor que a vida lhe oferece, sem esperar levar nada, a não ser a certeza de que tudo fez com honestidade para si e para os outros.
[De salientar ainda que esta editora, a Antígona, é uma das minhas preferidas!]

Book Review - A Peste

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Albert Camus, A Peste. [Lisboa], Círculo de Leitores, 1988, 323 p.

Livro requisitado na Biblioteca João Soares

Desde os meus 15 anos que conheço esta história. No entanto tiveram que passar mais 15 para eu finalmente ler este famoso livro de Albert Camus. Não foi a minha estreia na leitura deste autor, em 2001 li "O Estrangeiro". Não sei se foi por estar de férias e de estar naturalmente mais tranquila, mas lembro-me que na altura esse livro impressionou-me muito e verifiquei que era um autor excelente. Não tive tanto esse impacto com este livro, embora a beleza da escrita me tenha muitas vezes feito abrandar o ritmo da leitura para apreciar as frases. Quando isto me acontece sei que estou perante um grande livro. 

P. 61: " Experimentavam assim o sofrimento profundo de todos os prisioneiros e de todos os exilados que vivem com uma memória que não serve para nada. Este próprio passado em que eles reflectiam sem cessar tinha apenas o gosto do arrependimento."

P. 67: "  Como um café tivesse anunciado que "quem vinho bebe, mata a febre", a ideia, já natural no público de que o álcool preservava das doenças infecciosas, fortificava-se na opinião geral. Todas as noites pelas 22 horas, um número considerável de bêbados expulsos dos café enchia as ruas e espalhava-se por elas com afirmações optimistas."

P. 68: " Com a ajuda da fadiga, ele deixara correr as coisas, tinha-se calado cada vez mais e não mantivera a sua jovem mulher na ideia de que era amada. Um homem que trabalha, a pobreza, o futuro lentamente fechado, o silêncio dos serões à volta da mesa - não há lugar para a paixão num tal universo."

P. 103: " Mas o narrador tenta-se mais a acreditar que, dando demasiada importância às belas acções, se presta finalmente uma homenagem indirecta e poderosa ao mal, pois deixaria então supor que estas belas acções só valem tanto por serem raras e que a maldade e a indiferença são forças motrizes bem mais frequentes nas acções dos homens. Essa é uma ideia de que o narrador não compartilha. O mal que existe no mundo vem quase sempre da ignorância, e a boa vontade, se não for esclarecida, pode fazer tantos estragos como a maldade. Os homens são mais bons que maus, e, na verdade, a questão não está aí. Mas ignoram mais ou menos, e é a isso que se chama virtude ou vício, sendo o vício mais desesperado o da ignorância, que julga saber tudo e se autoriza então a matar.

P. 149: "Evidentemente - acrescentava Tarrou -, ele está ameaçado como os outros, mas justamente está-o como os outros. Depois, não está seriamente convencido, tenho a certeza, de que possa ser atingido pela peste. Parece viver da ideia, não de todo tola, aliás, de que um homem que é presa de uma grande doença ou de uma angústia profunda está dispensado, ipso facto, de todas as outras doenças ou angústias. "Já reparou - disse-me ele- que não se podem acumular doenças? (...) a coisa ainda vai mais longe, pois nunca se viu um canceroso morrer de um desastre de automóvel. Falsa ou verdadeira, esta ideia põe Cottard de bom humor."

P. 192" - Em suma - disse Tarrou com simplicidade-, o que me interessa é saber como se pode ser santo.
-Mas você não acredita em Deus.
- Justamente. Pode ser-se santo sem Deus? Eis o único problema que hoje me preocupa."