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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Book Review - Temor e Tremor

Imagem retirada de:

Amélie Nothomb, Temor e tremor. 2ª ed. Lisboa, Bizâncio, 2000, 111p.

Bem no início do ano e após ter terminado a leitura de O último homem na torre de Aravind Adiga (livro que eu ainda considero como de 2012). li por impulso dois livros de Amélie Nothomb. Há livros que esperam anos na estante até os lermos, outros têm o poder de criar tão grandes expectativas que vamos adiando até encontrar a altura ideal para os ler! (Isto é errado...). Bom não foi o caso destes livros. 

Achei curioso como esta autora, de origem europeia e que viveu no Japão até aos 5 anos, conseguiu em Temor e tremor abordar os sentimentos ambivalentes que se criam na nossa memória relativamente ao lugar onde nascemos. A idealização que Nothomb fez do Japão levou-a a lutar por se integrar numa empresa multinacional japonesa. No entanto, esta experiência vai revelar as diferenças culturais entre a autora e os colegas num ambiente moderno e corporativo, mas marcado ainda pelos preconceitos enraizados na tradição. Nesse contraste cultural, a história assume um ar ternurento e de alguma ingenuidade. Quando associamos a perfeição a determinados traços culturais, por vezes corremos o risco de não ver outros traços da realidade.

" ...qualquer estrangeiro que queira integrar-se no Japão põe como ponto de honra o respeito pelos usos do Império. É notável que o contrário seja absolutamente falso: os nipónicos que se melindram com as dos outros ao seu código nunca de escandalizam com as suas próprias derrogações das regras de civilidade dos outros.
      Estava consciente desta injustiça e, no entanto, sujeitava-me inteiramente. As atitudes mais incompreensíveis de uma vida devem-se, normalmente, à persistência de um deslumbramento da infância: em criança, a beleza do meu universo japonês tinha-me impressionado tanto que eu funcionava ainda com esse reservatório afectivo. Tinha agora sob os olhos o horror desprezador de um sistema que negava aquilo que eu amara e, no entanto, permanecia fiel a estes valores em que já não acreditava." p.80

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